As opções de investimentos na bolsa brasileira são as mais variadas. E se engana quem acha que apenas existem investimentos em renda variável ou só investimentos no Brasil. Os brasileiros encontram também, entre as alternativas, ativos para investir em renda fixa dos EUA.
Considerados entre os investimentos mais seguros do mundo, os títulos públicos norte-americanos se destacam sempre quando a taxa de juros está alta no país. Mas como entrar nesse mercado sem sair do Brasil?
Como investir em renda fixa dos EUA sem sair da bolsa brasileira
Os investidores que querem colocar seu dinheiro em renda fixa dos EUA sem precisar abrir uma conta que faça operação no exterior podem fazer isso através de ETFs ou BDRs de ETFs.
Segundo Bruno Shahini, analista de investimentos da Nomad, os ETFs de renda fixa são uma ótima ferramenta de diversificação ao investidor, pois sua carteira é composta por milhares de títulos em apenas um único produto.
“Um benefício de manter exposição em renda fixa via ETFs é a transparência, já que os ETFs devem reportar sua carteira diariamente, de modo que um investidor sabe exatamente os ativos que está comprando”, afirma ele.
Outro fator, de acordo com Shahini, é que por serem negociados em bolsa, os ETFs de renda fixa possuem alta liquidez, podendo ser negociados a qualquer momento a preços muito próximos do valor total da carteira que compõe o fundo.
“Vale ressaltar que a gestão dos ETFs é realizada pelas maiores empresas de gestão do mundo, como BlackRock, Vanguard e State Street, o que proporciona credibilidade e segurança ao investidor, além de atestar a importância desse produto nos mercados globais”, destaca.
Lucas Schwarz, analista da VG Research, aponta que mesmo dentro dos ETFs a variedade de opções é grande. Na renda fixa, há aqueles que podem aportar em títulos públicos (treasuries) e os focados em títulos de empresas (bonds).
Benefícios e riscos de investir em renda fixa dos EUA
O analista da VG Research aponta que, inquestionavelmente, o Brasil oferece opções excelentes em renda fixa. Entretanto, investir em renda fixa nos EUA funciona como uma importante fonte de diversificação para um portfólio.
Já Bruno Shahini ressalta que os ativos dolarizados representam uma proteção contra quedas no portfólio no Brasil, pois ambos tendem a se mover de forma estruturalmente oposta.
“Sabemos que possuir ativos descorrelacionados não apenas reduz a volatilidade do patrimônio, como também aumenta o retorno no longo prazo. Por ser um ativo em dólar, a renda fixa nos EUA cumpre esse papel de forma automática”, explica.
No entanto, ele ainda afirma que os benefícios não estão limitados a apenas uma possível movimentação cambial entre o dólar e o real. “A dívida do governo dos EUA se beneficia de seu status de ‘porto seguro’ em tempos de aversão ao risco, de modo que os títulos do Tesouro têm historicamente oferecido uma sólida proteção contra a pressão vendedora sobre ativos de risco”.
Do lado dos riscos, Schwarz cita que existem aqueles comuns ao que temos no Brasil, como a marcação a mercado e questões macroeconômicas. “Desequilíbrios fiscais nos EUA, ao pensar nas treasuries, também são um ponto de atenção. Recentemente, a Fitch alertou sobre a deterioração fiscal nos EUA, mencionando que a dívida pública tem avançado em um ritmo acelerado em relação ao PIB do país”.
Shahini, por sua vez, aponta os riscos associados à variação na taxa de juros, que afeta diretamente o preço dos títulos, podendo incorrer em perdas ao longo do período em que um investidor mantém o título em carteira.
“Como estamos nos referindo à renda fixa, há também o risco de crédito, que é a possibilidade de um tomador não conseguir honrar os pagamentos estipulados e incorrer em default na dívida”, diz.
Por fim, o analista de investimentos da Nomad ainda cita um possível maior grau de complexidade que um investidor pode enfrentar ao tentar investir em títulos de dívida nos EUA.
Cenário do mercado nos EUA
Com o cenário base dos juros em patamar alto, como dito anteriormente, os ativos de renda fixa norte-americana se mantêm atrativos segundo os analistas, mesmo com a baixa recente e as projeções de novos corte.
Assim, é fundamental prestar atenção à curva de juros dos títulos do Tesouro dos EUA, que atualmente, está em formato conhecido como “invertida” no mercado financeiro. Uma curva de juros invertida ocorre quando as taxas de curto prazo são mais altas que as de longo prazo. Em condições normais, títulos de longo prazo oferecem rendimentos maiores para compensar o risco associado ao tempo.
“A inclinação da curva de juros é usualmente medida pela diferença entre as taxas de juros dos títulos do Tesouro americano com prazo de 2 anos e 10 anos. Isso indica que os investidores podem obter taxas mais altas sem precisar se comprometer com títulos de prazos mais longos, que tendem a ser mais voláteis devido ao efeito da marcação a mercado”, explica Shahini.
Segundo ele, tal inclinação incentiva a alocação em títulos de curto prazo e de maior liquidez, como as Treasury Bills, que possuem vencimento de até um ano e remuneram o investidor a taxas muito próximas daquelas definidas pelo FOMC (Federal Open Market Committee).
“No entanto, se buscarmos na história, vemos que as curvas de juros não permanecem invertidas por muito tempo e que as Treasury Bills não tendem a apresentar retornos reais (descontados da inflação) elevados no longo prazo”, aponta.
Assim, de acordo com os analistas pode-se observar um movimento gradual visando o aumento da duration nos portfólios de renda fixa, que pode se intensificar ao longo deste ano caso os dados de atividade e inflação da economia americana permaneçam em uma trajetória saudável.
“Com a inflação mais estável e yields mais elevados, acredito que existam boas oportunidades na renda fixa norte-americana. A janela parece continuar favorável para a renda fixa norte-americana”, afirma Schwarz.
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