Quase nove anos após o incêndio que matou dez adolescentes no centro de treinamento do Flamengo, a Justiça do Rio de Janeiro absolveu, nesta terça-feira (21/10), os sete réus que ainda respondiam pelo caso. A decisão reacendeu a lembrança de uma das maiores tragédias do futebol de base brasileiro e renovou o sentimento de impunidade entre familiares das vítimas.
O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, em um alojamento improvisado dentro do Ninho do Urubu, em Vargem Grande, na Zona Oeste da capital. Os garotos dormiam em contêineres adaptados, instalados em uma área sem alvará da prefeitura para funcionar como dormitório.
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Delegado indiciou ex-presidener do Flamengo pelas mortes de 10 atletas em 2019
Maurício Almeida/AM Press & Image/Estadão Conteúdo2 de 4
Bombeiros vistoriam local do incêndio no Ninho do Urubu
Reprodução/ Redes Sociais3 de 4
Tomaz Silva/Agência Brasil4 de 4
Série estreia em 14 de março
Divulgação
Segundo a perícia, as chamas começaram em um aparelho de ar-condicionado e se espalharam rapidamente devido ao material altamente inflamável que revestia as estruturas metálicas. O fogo deixou dez mortos e 16 sobreviventes, que conseguiram escapar por uma única porta.
As vítimas — com idades entre 14 e 16 anos — foram: Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías.
Foram absolvidos ex-dirigentes do Flamengo, engenheiros e representantes das empresas responsáveis pelos contêineres e pelos aparelhos de ar-condicionado. O juiz Tiago Fernandes de Barros entendeu que não havia provas de que os acusados tivessem agido de forma direta para causar o incêndio.
O Ministério Público do Rio informou que vai recorrer da decisão, que se soma às outras quatro absolvições já proferidas em etapas anteriores. O órgão pedia a condenação por incêndio culposo e lesão corporal grave.
Revolta
Nas redes sociais, a reação quanto à decisão foi imediata e contundente. “Eu sou Flamenguista, amo meu time, mas isso aí é de torcer muito o nariz. Até um leigo em ritos processuais entende toda a manobra. Uma decisão absurda!”, escreveu um torcedor. Outro desabafou: “Imagina viver em um país onde a “””justiça””” absolve os responsáveis por queimarem seu filho vivo.”
A tragédia do Ninho do Urubu não deixou apenas um rastro de luto, mas tornou-se um símbolo da negligência e da fragilidade das estruturas que sustentam o sonho de jovens atletas no Brasil.
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