Nas favelas brasileiras, a economia criativa já é uma realidade, ainda que nem sempre seja conhecida por esse nome. Mesmo com a falta de recursos e estruturas formais, a população da periferia se reinventa e é forçada a se virar com o que tem à disposição para criar e gerar renda.
Levantamento do Data Favela, instituto de pesquisa da CUFA (Central Única das Favelas), com 16 mil moradores de favelas em todos os estados, mostra que 1 em cada 3 tem um negócio próprio e 73% acreditam que empreender é mais viável do que trabalhar com carteira assinada. Apesar disso, 74% desses empreendedores ainda atuam na informalidade, sem CNPJ.
Foi olhando para esse potencial que a Digital Favela e a MAG Seguros se juntaram para criar uma capacitação gratuita que une educação, empreendedorismo e inclusão digital em territórios periféricos.
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O Favela Seguros Cria prevê capacitar cerca de 5 mil moradores de favelas em todo país em seis módulos online sobre produção e criação audiovisual, ampliando as oportunidades para a entrada no mercado da economia criativa.
O lançamento oficial do projeto foi em julho, no Expo Favela. Desde então, a iniciativa já conta com mais de 1,5 mil inscritos.
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“Se esperarmos esse mercado chegar às favelas da mesma forma que aconteceu com a internet, que primeiro chegou ao asfalto e só depois alcançou a periferia, vamos perder tempo. Então precisamos acelerar esse acesso para reduzir a defasagem e avançar mais rápido nessa inclusão”, afirmou Tiago Trindade, cofundador, sócio e CCO da Digital Favela, empresa que conecta grandes marcas a criadores de conteúdo e mídias periféricas.
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Antes desse projeto, a Digital Favela e a MAG Seguros já tinham uma parceria voltada às favelas. Em 2024, lançaram o Favela Seguros para democratizar o acesso ao seguro nas periferias e oferecer mais segurança às famílias.
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“Esse novo projeto nasce do compromisso de ampliar o acesso à produção de conteúdo digital e de conectar pessoas que compartilham o mesmo propósito. Nós acreditamos no potencial transformador do conteúdo digital como ferramenta de expressão, geração de renda e proteção do futuro”, disse Geraldo Coelho, líder de relações institucionais da Favela Seguros.
“O curso foi pensado da favela para a favela, construído com a realidade de quem vive e empreende nesse território”
Arthur Neves é criador de conteúdo e um dos professores do Favela Seguros Cria. Criado na favela Morro Alto, em Belo Horizonte, e formado em jornalismo em Curitiba, ele passou a criar conteúdo independente na internet, mantendo a autenticidade da realidade periférica, mesmo com recursos limitados.
No curso online, Neves ensina técnicas práticas de audiovisual com foco em quem também tem poucos recursos, além de ajudar os alunos a encontrarem um ritmo sustentável em meio à rotina para contar suas histórias.
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“Quando começamos a criar conteúdo vindo da periferia, muitas vezes tentamos imitar blogueiras que apresentam uma estética mais polida. Mas se você tenta se adaptar a essa realidade, você acaba perdendo a sua identidade”, afirma.
“Assumir a realidade, a parede com imperfeições, o estúdio simples, a qualidade de filmagem modesta, e os desafios do dia a dia, tudo isso vai gerar uma conexão mais autêntica com a comunidade”
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Além de módulos voltados para habilidades técnicas, como roteiro, produção audiovisual e iluminação com recursos simples, o curso conta com palestras de especialistas e conteúdo motivacional.
A Favela Seguros, por exemplo, tem duas palestras dentro da grade de conteúdos. Uma delas com as atletas olímpicas e embaixadoras do Grupo MAG Rafaela Silva, medalhista olímpica e bicampeã mundial de judô, e Raíssa Machado, medalhista paralímpica e campeã parapanamericana de lançamento de dardo.
A outra é relacionada ao planejamento financeiro para construir uma trajetória de crescimento na favela. Os palestrantes são Geraldo Coelho, líder de relações institucionais da Favela Seguros, e Thiara Lima, especialista em desenvolvimento comercial da diretoria de Gente & Gestão do Grupo MAG.
As inscrições para o curso do Favela Seguros Cria devem ser feitas pelo link. O curso é aberto a qualquer pessoa que resida em território periférico no Brasil, sem processo seletivo restrito, garantindo ampla acessibilidade e inclusão.
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