Com o bloqueio de cartões vinculados a redes norte-americanas de pagamentos como Visa e Mastercard, como ocorreu com o ministro Alexandre de Moraes em decorrência da Lei Magnitsky, é possível fazer qualquer compra no exterior?
Para tentar encontrar respostas o InfoMoney contou com a avaliação do planejador financeiro e especialista em investimentos Jeff Patzlaff, que explicou as alternativas e os desafios em uma situação como essa.
No caso do ministro Alexandre de Moraes, a solução provisória encontrada teria sido um cartão com bandeira Elo, uma empresa 100% brasileira criada por Bradesco, Banco do Brasil e Caixa – que surgiu justamente para reduzir a dependência das redes estrangeiras.
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Patzlaff explica que, embora a Elo funcione no Brasil, para operar no exterior a bandeira depende de acordos de interoperabilidade com redes internacionais, como a Discover nos Estados Unidos, Canadá e México, e a Diners Club no restante do mundo.
Na prática, isso significa que, mesmo sendo uma bandeira nacional, a Elo não é totalmente independente do sistema financeiro internacional. “Toda a infraestrutura de processamento passa por sistemas globais de nuvem, clearing e compensação, muitos deles sediados nos EUA. Se houvesse uma escalada de sanções mais duras, até mesmo uma bandeira nacional como a Elo ficaria em risco”, explica.
Outro ponto levantado é a aceitação ainda limitada da bandeira Elo em estabelecimentos espalhados pelo mundo. “Dá para usar o cartão Elo no exterior, em mais de 200 países, mas sua aceitação é limitada. A estratégia pode funcionar especialmente em cidades grandes da Europa, mas não tem a mesma capilaridade que Visa ou Mastercard”, compara.
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E o travel money?
Os cartões pré-pagos internacionais, também conhecidos como travel money, são tradicionalmente a opção mais vantajosa para compras no exterior, mas, considerando a limitação de acesso às bandeiras e empresas americanas, seu uso também seria bastante limitado.
“Outra saída são os cartões pré-pagos internacionais, mas a maioria também roda em Visa ou Mastercard, o que limita bastante”, afirma.
Alternativas
Abrir contas globais em fintechs estrangeiras pode ser uma alternativa, embora a maioria ainda dependa das redes tradicionais. “Por isso, para quem tem restrição com Visa e Mastercard, é melhor ir viajar com uma combinação: um cartão Elo internacional, algum travel money alternativo e, sim, uma quantia em espécie, porque imprevistos acontecem, por exemplo”, aconselha.
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Outras bandeiras
Sobre outras bandeiras, Patzlaff cita a China UnionPay, que tem presença significativa na Ásia e Europa, e pode ser uma opção para quem não pode usar Visa ou Mastercard. “Na prática, ainda é possível usar cartões que não sejam Visa ou Mastercard, mas isso exige planejamento e aceitação da limitação”, ressalta.
Impactos maiores
Em um cenário hipotético de expansão do bloqueio à toda população brasileira, Patzlaff aponta para consequências catastróficas: “O risco maior não é nem de ‘ficar sem bandeira’, mas de ter os acessos a sistemas globais de pagamentos bloqueados por sanções. Se o Brasil fosse excluído, como a Rússia foi parcialmente após a guerra [na Ucrânia], cairíamos numa espécie de isolamento financeiro, onde até simples compras online em sites estrangeiros virariam um desafio”, avalia.
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