Montar uma carteira de investimentos diversificada é uma das estratégias mais eficientes para reduzir riscos e buscar retornos consistentes no longo prazo. E os ETFs – fundos negociados em bolsa – podem ser uma ferramenta prática para isso. Eles permitem ao investidor acessar diferentes classes de ativos, setores e até mercados internacionais com apenas uma operação.
Primeiros passos: conheça seu perfil e seus objetivos
O primeiro passo, segundo Robson Casagrande, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, é entender o próprio perfil de risco e traçar objetivos financeiros claros. “Eles servirão de base para determinar a proporção ideal entre renda fixa e variável”, explica. “Com essa estratégia definida, o próximo passo é selecionar e combinar ETFs que representem diferentes classes de ativos, como renda fixa, ações nacionais e internacionais, e até commodities como ouro, assegurando assim uma exposição global com custos reduzidos.”
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Anderson Ferreira, head de distribuição da W1 Capital, reforça que esse autoconhecimento é essencial. “Existem ETFs para todos os perfis de risco. Os de renda fixa são voltados a investidores mais sensíveis à volatilidade, enquanto produtos mais complexos são adequados para quem aceita correr mais riscos”, diz. Ele recomenda, ainda, traçar uma estratégia de rentabilidade e definir se o foco será ganho de capital, dividendos ou uma combinação híbrida antes de fazer a escolha dos ETFs.
Para Vanessa Leone, sócia da The Hill Capital, os ETFs são uma forma prática e eficiente de diversificar. “Eles funcionam como uma ‘caixinha’ que reúne vários ativos, como ações, títulos públicos ou até investimentos internacionais, permitindo que o investidor tenha acesso a uma cesta diversificada com apenas uma operação”, afirma.
Como equilibrar ETFs de renda fixa, ações e mercados internacionais
Depois de definir o perfil e os objetivos, o investidor pode usar os ETFs para equilibrar a exposição entre diferentes tipos de ativos. “Por meio de ETFs de renda fixa, é possível buscar estabilidade e proteção contra a inflação. Com os de ações brasileiras, o investidor participa do crescimento das empresas locais. E, ao incluir ETFs internacionais, você amplia a diversificação, reduz os riscos associados a um único país e aproveita oportunidades em economias globais”, explica Casagrande. “Essa combinação estratégica, sem dúvidas, permite criar uma alocação equilibrada, ajustada ao seu perfil e objetivos de longo prazo, com a vantagem da transparência e dos baixos custos característicos desses fundos”, completa.
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Ferreira complementa que a alocação deve respeitar o objetivo de cada investidor. “O ideal é definir os percentuais de alocação em cada tipo de ETF, de acordo com os princípios e expectativas de retorno. A partir daí, é só escolher os produtos que melhor se encaixam na estratégia.”
O que avaliar ao escolher um ETF?
A escolha dos ETFs deve começar pela análise do índice de referência e da composição do fundo. “É o índice que define onde o dinheiro será investido e qual será o nível de risco. Índices amplos, como o Ibovespa B3 ou o S&P 500, oferecem diversificação natural, enquanto os temáticos concentram mais o risco”, afirma Casagrande. “Além disso, é importante verificar se o ETF segue uma estratégia passiva pura ou adota filtros, como foco em dividendos”.
Ferreira destaca que é importante comparar o desempenho histórico com indicadores da mesma categoria. “Por exemplo, ETFs que investem em FIIs devem ser comparados com o IFIX; os que investem em ações brasileiras, com o Ibovespa. Se o ETF tiver um histórico de desempenho superior, há boas chances de ser um bom investimento”, explica.
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Além disso, é preciso avaliar as taxas de administração e avaliar se estão na média de mercado, diz Ferreira. “Mesmo que baixas, as taxas impactam o retorno no longo prazo”, observa Casagrande.
Já Vanessa lembra que os ETFs costumam ter custos menores do que fundos tradicionais, mas alerta: “É fundamental entender como o imposto é cobrado, pois a tributação varia conforme o tipo de ETF.”
Rebalancear a carteira: quando e por quê
Definir a frequência de rebalanceamento é parte importante da estratégia. Para Casagrande, o ideal é revisar a carteira de duas a quatro vezes por ano. “A prática consiste em vender parte dos ativos que mais valorizaram e comprar os que ficaram para trás, restabelecendo o equilíbrio original”, explica.
Vanessa recomenda uma revisão ainda mais espaçada: “Uma análise a cada seis meses ou uma vez por ano costuma ser suficiente para manter a proporção entre os ativos conforme o plano inicial”. Ela complementa: “Mudanças maiores na alocação só fazem sentido quando há alguma alteração no perfil do investidor, nos objetivos ou no cenário econômico”.
Ferreira, por sua vez, acredita que mais importante do que a periodicidade é a capacidade de adaptação. “Não existe uma frequência ideal. O investidor precisa estar atento às mudanças no cenário de juros e inflação, que comandam a economia e exigem ajustes de estratégia.”
Erros comuns e como evitá-los
Entre os erros mais frequentes ao investir em ETFs, os especialistas citam o excesso de modismo, a falta de diversificação real e o abandono do plano original. “Muitos investidores escolhem produtos apenas pelo desempenho recente, sem analisar o índice de referência ou a sobreposição com outros ativos, o que gera concentração disfarçada”, alerta Casagrande.
Ferreira reforça o cuidado na escolha: “Vejo muita gente montando carteiras com vários ETFs do mesmo tema, como ações brasileiras pagadoras de dividendos. O ideal é diversificar ao máximo entre mercados para mitigar riscos.”
Vanessa destaca que o acompanhamento periódico é essencial: “Também é comum esquecer de revisar a carteira com o tempo. É importante acompanhar os resultados e manter uma estratégia clara e consistente.”
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