Nicholas Kawasaki chegou ao mercado financeiro sem pretensão de virar trader profissional. Como muitos investidores iniciantes, começou apenas tentando fazer o dinheiro render um pouco mais.
Com o tempo, o interesse virou hábito, o hábito virou método e o método, profissão. O que diferencia sua jornada é que ele transformou o processo de aprendizado em rotina, sempre com foco em evolução e performance.
No episódio 9 da 3ª temporada do programa A Arte do Trade, do canal GainCast, Kawasaki compartilhou em detalhes como foi essa jornada, desde os primeiros contatos com a renda variável até o momento em que decidiu mergulhar no day trade e desenvolver um método próprio.
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Da curiosidade ao pregão
A trajetória de Nicholas Kawasaki no mercado começou em 2006, motivada pelo desejo de fazer o dinheiro render mais. “Eu comecei, na verdade, para começar a investir o meu dinheiro. Estava começando a trabalhar, juntei uma graninha. Cara, renda fixa, tá? Eu quero algo mais legal, né?”, conta.
Foi então que começou a explorar o mercado de ações, passando por estratégias como buy and hold e swing trade. Mas o interesse pelo day trade ganhou força por volta de 2016. “Esse negócio de day trade é legal”, pensou, ao começar a buscar mais informação — o que não era simples na época.
Durante essa busca, encontrou um curso de análise técnica no Brasil — e esse momento marcou um divisor de águas. “Eu fui fazer. E aí quem se sentou do meu lado? Mestre Leandro Ross.”
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A afinidade foi imediata. “Passou uma semana, ele virou e falou: ‘Meu, aluguei um espaço ali, vou lá todo dia pra operar, a gente está precisando de alguém pra rachar o custo do espaço’”, relembra Kawasaki, que não pensou duas vezes e aceitou o convite.
Essa convivência diária foi essencial para acelerar seu aprendizado prático. O mercado, naquela época, era diferente, tinha menos liquidez.
“Era um mercado bem diferente. Pra você ter uma noção, naquela época eu usava stop de 25 pontos no índice. 100 pontos de alvo, eu usava um para quatro”, recorda.
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Junção de escolas
Kawasaki desenvolveu uma abordagem própria. Sua estratégia combina análise técnica clássica com leitura de fluxo nos momentos decisivos.
“Hoje o que que eu opero? Basicamente uma análise técnica clássica — suportes, resistências, tendência — mas nos pontos importantes eu vou olhar o fluxo, como o mercado está reagindo”, explica.
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Essa leitura começa ainda antes da abertura. Kawasaki realiza uma preparação baseada no cenário macroeconômico e nos ativos internacionais.
“Tudo isso baseado no quê? Numa análise pré-mercado que eu fiz de macro, de como eu acho que vai se desencadear o dia. Eu tenho que saber: ‘Pô, eu acho que o índice vai abrir em gap de baixa ou gap de alta hoje’. Eu tenho que saber”, ressalta.
Ainda assim, reforça que é fundamental ter flexibilidade para mudar de visão caso o mercado contrarie o cenário traçado. “Eu tenho um viés inicial do mercado, mas eu não posso ficar amarrado nele”, explicou.
“O que mais a galera perde grana é: ‘Ah, hoje eu só vou comprar’, e o mercado só cai, ele compra, compra, compra e quebra”, alerta.
Kawasaki destaca que a agilidade mental para reconhecer um erro pode evitar grandes prejuízos.
“Quanto antes você perceber que você está errado, menos dinheiro você perde.” E completa: “A gente sabe que, pra fazer dinheiro no mercado, às vezes é mais fácil cortar as perdas do que tentar aumentar os ganhos”, diz.
Ele compartilha um exemplo pessoal. “Antigamente eu gostava de operar muito dentro de triângulos. Quando eu fui levantar meus diários de trade e fui fazer uma estatística. Eu olhei e falei: ‘Cara, eu perco dinheiro operando triângulos. Por que que eu vou operar triângulos?’”, reflete.
Essa clareza sobre o que funciona — e o que não funciona — é o que ele considera o divisor de águas entre um trader amador e um profissional.
“Talvez os ajustes para você sair de um trader perdedor para ser um trader consistente seja uma questão de parar de operar o que você perde dinheiro”, orienta.
Consistência é construção diária
Nicholas Kawasaki deixou uma reflexão direta para quem busca viver de mercado. “A consistência não é algo que você olha, dormiu inconsistente e acordou consistente. É um processo, e é um processo que pode ser jogado no lixo amanhã”, alerta
Ele reforça que disciplina e autoconsciência são os verdadeiros diferenciais de quem sobrevive no mercado.
“Se amanhã eu fizer preço médio até quebrar meu patrimônio inteiro, eu perdi tudo que eu ganhei mais um pouco e já não sou mais consistente”, completa.
Na visão de Kawasaki, o caminho está na evolução contínua e na humildade para ajustar a rota sempre que necessário.
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