Em um mercado pressionado por juros elevados, volatilidade persistente e investidores cada vez mais seletivos, duas das maiores gestoras do país reforçam que a diversificação de estratégias, a presença internacional e a proximidade com clientes são pontos-chave para atravessar os ciclos econômicos.
A Kinea, liderada por Márcio Verri, defende que a consistência vem justamente da atuação em múltiplas frentes, o que permite entregar resultados de forma estável em meio às incertezas. Já a SPX Capital, comandada por Bruno Marangoni, destaca que a previdência e a renda variável seguem como pilares relevantes para sustentar retornos de longo prazo.
As duas casas foram destaques no Prêmio Outliers InfoMoney 2025: a Kinea levou sete troféus, incluindo os de melhor gestora do ano e melhor fundo imobiliário de papel, enquanto a SPX saiu com quatro, entre eles o de melhor fundo de previdência em renda variável.
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“Desde a nossa fundação, buscamos ser uma asset com diversas estratégias. Isso nos permite atravessar diferentes ciclos econômicos e entregar valor de forma consistente”, afirmou Verri, CEO da Kinea, em participação no podcast Outliers, do InfoMoney, gravado durante a Expert XP.
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O investidor cauteloso em meio à Selic alta
Segundo Verri, o comportamento do investidor vem sendo de forte aversão ao risco, especialmente nos fundos líquidos. “Com a Selic em 15%, muitos preferem não correr riscos. A demanda maior tem sido por fundos de crédito privado. Mas vemos também crescimento em infraestrutura e private equity, além da continuidade da força no real estate”, afirmou.
O executivo destacou ainda que a Kinea só entra em verticais onde consegue agregar valor. “Não seguimos onde está o dinheiro, mas onde temos capacidade de entregar retorno. Essa disciplina é o que sustenta a confiança do investidor no longo prazo”, completou.
Já a SPX, prestes a completar 15 anos, construiu reputação como gestora de mandatos flexíveis, justamente para enfrentar a volatilidade típica do Brasil. “O país é cíclico. Juros sobem e caem rapidamente. Isso exige produtos arrojados e flexíveis, sempre com gestão ativa”, afirmou Bruno Marangoni, CEO da SPX.
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O peso da eleição e a estratégia de portfólio
Marangoni destacou que 2026 será um ano de atenção redobrada, por se tratar do período eleitoral. “Costumo dizer que é o pior Sharpe Ratio do mercado. É quando o juro futuro pode oscilar entre 11% e 18% em questão de meses. Por isso, o investidor precisa de um portfólio balanceado e não pode concentrar tudo em renda fixa”, alertou.
Ele reforçou que o papel das gestoras é oferecer não apenas diversificação, mas também gestão ativa. “O benefício está em delegar a profissionais o rebalanceamento do portfólio. Isso dá ao investidor mais resiliência em momentos críticos”, disse.
A SPX vem expandindo sua presença internacional desde 2016, com escritórios em Londres, Estados Unidos, Portugal e Singapura. Essa estratégia, segundo Marangoni, trouxe vantagens além do acesso a talentos locais.
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“Estar lá fora aproximou a SPX dos investidores estrangeiros, que hoje representam um terço do nosso AUM (ativos sob gestão), e elevou nossos padrões regulatórios e de compliance ao nível internacional”, explicou.
Filosofia fiduciária e comunicação transparente
A Kinea, por sua vez, reforça sua filosofia de priorizar a entrega ao cliente em vez da obsessão por crescimento acelerado. Verri lembrou que, mesmo em momentos difíceis para ações, a casa não desmontou equipes. “Quando decidimos ter uma vertical, vamos com ela até dar certo. Nosso foco é ser fiduciário e respeitar o mandato de cada fundo”, afirmou.
Um exemplo citado foi a política de não realizar ofertas abaixo do valor patrimonial em fundos imobiliários. “Preferimos não captar a diluir quem já está no fundo. Isso fortalece a confiança do investidor e consolida a nossa marca”, disse Verri.
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A comunicação também é tratada como pilar estratégico. “Quando um fundo vai mal, comunicamos ainda mais. Queremos ser os primeiros a explicar ao cliente por que a performance não foi boa e o que estamos fazendo para reverter. Isso pode parecer excessivo, mas garante transparência e fortalece a relação”, ressaltou o executivo.
Olhando para frente
Tanto Kinea quanto SPX concordam que os próximos meses serão de desafios, mas também de oportunidades para gestoras bem estruturadas.
Para Verri, a queda dos juros no médio prazo tende a beneficiar os fundos de ações e a atrair novos investidores.
Já Marangoni aposta que a diversificação global e a disciplina na gestão ativa continuarão sendo diferenciais da SPX.
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