Esperados pelo mercado financeiro desde o início do ano, os sinais de desaceleração econômica já estão mais evidentes. Em agosto, a intenção de consumo das famílias catarinenses caiu 4,1%, atingindo 103,6 pontos — o menor patamar dos últimos dois anos. Apesar da queda, o resultado em Santa Catarina ficou ligeiramente acima da média nacional, de 102,9 pontos. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pela Fecomércio SC, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo o presidente da Fecomércio SC, Hélio Dagnoni, o primeiro semestre no estado registrou resultados acima das expectativas, tanto em crescimento econômico quanto em geração de empregos. Agora, no entanto, os efeitos dos juros elevados — atualmente no maior nível em quase duas décadas — começam a impactar todos os setores.
“Todos os indicadores apontam para uma desaceleração econômica neste segundo semestre. Esse resultado foi influenciado pela piora na percepção sobre o mercado de trabalho e o crédito, que se torna mais restritivo com juros tão altos. Nossa esperança é que a inflação recue de forma mais significativa, permitindo uma rápida melhora do ambiente econômico”, afirma Dagnoni.
Todos os componentes do Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuaram em agosto, tanto na comparação mensal quanto na anual. As quedas mais expressivas ocorreram nas compras de bens duráveis (–7,5%) e na avaliação do emprego atual (–5,5%), que já registra o terceiro mês consecutivo de retração.
No que diz respeito às condições de consumo, o nível atual caiu 3,4% em agosto, indicando maior cautela nas despesas do dia a dia. O acesso ao crédito recuou 2,7% e permanece mais de 9% abaixo do período pré-pandemia, evidenciando a dificuldade das famílias em financiar seus gastos.
Entre as perspectivas, a expectativa profissional encolheu 2,5%, enquanto a intenção de consumo futuro diminuiu 4,6%, sinalizando um menor otimismo dos consumidores em relação aos próximos meses.
De acordo com a economista da Fecomércio SC, Edilene Cavalcanti, a queda na intenção de consumo foi observada em todas as faixas de renda, mas teve maior intensidade entre os consumidores que ganham até dez salários mínimos.
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