Jackie Bezos, uma defensora ferrenha do filho Jeff antes de ele fundar a Amazon.com, e filantropa da educação infantil, faleceu aos 78 anos.
Segundo o site da Bezos Family Foundation, Jackie faleceu na última quinta-feira (14), em sua casa, em Miami. Em homenagem publicada nas redes sociais, Jeff Bezos afirmou que a mãe morreu “cercada por tantos de nós que a amávamos”, após “uma longa luta contra a demência com corpos de Lewy”.
Ao lado do marido, Miguel Bezos, Jackie foi a primeira investidora da Amazon. Em 1995, o casal assinou dois cheques que somavam US$ 245.573 para financiar a startup que, segundo o próprio Jeff, provavelmente fracassaria. O investimento — junto a compras posteriores de ações da empresa — resultou em uma fortuna estimada em até US$ 30 bilhões em 2018.

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A partir de 2000 — muito antes de o filho ou a Amazon criarem suas próprias iniciativas filantrópicas —, Jackie e Miguel passaram a financiar programas educacionais por meio da Bezos Family Foundation, que durante anos foi a principal vitrine da filantropia associada à fortuna gerada pelo gigante do comércio eletrônico.
“No centro do trabalho da fundação está a crença de Jackie de que um aprendizado rigoroso e inspirador — dentro da sala de aula e nas centenas de interações diárias das crianças com adultos — permitirá que alunos, desde o nascimento até o ensino médio, coloquem sua educação em prática”, diz o site da organização.
A fundação atribui à “visão” de Jackie a criação de dois programas próprios: Vroom, que distribui dicas para pais por aplicativo e outros canais, e o Bezos Scholars Program, que seleciona anualmente 17 jovens dos EUA e da África para um programa de desenvolvimento de liderança.
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A instituição já apoiou centenas de outras organizações, com foco principal em crianças e jovens. Em agosto de 2024, fez sua maior doação individual: US$ 185,7 milhões ao Instituto Aspen para criar um novo centro voltado para a juventude.
Origens e vida familiar
Jacklyn Marie Gise nasceu na Virgínia, em 29 de dezembro de 1946, e cresceu no Novo México, onde seu pai, Lawrence Preston Gise, era alto funcionário da Comissão de Energia Atômica dos EUA, órgão então responsável pelos laboratórios nucleares do país.
No segundo ano do ensino médio, em Albuquerque, engravidou de Theodore Jorgensen, veterano da escola. Casaram-se em 1963 e, em janeiro seguinte, nasceu Jeffrey Preston Jorgensen. Jackie voltou a morar com os pais e pediu o divórcio quando o filho tinha 17 meses.
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Jorgensen, que se tornaria jogador de polo de monociclo e dono de loja de bicicletas, admitiu não ter sido um bom pai ou marido. “Foi tudo culpa minha”, disse ao jornalista Brad Stone no livro The Everything Store (2013). “Não culpo Jackie por nada.” Ele morreu em 2015.
Recém-solteira, Jackie só pôde concluir o ensino médio após aceitar condições impostas pela escola, como não falar com colegas nem comparecer à formatura. Depois, ingressou no ensino superior comunitário, buscando professores que aceitassem que ela levasse o filho pequeno às aulas.
Novo casamento e apoio a Jeff
Enquanto trabalhava no setor de contabilidade do Bank of New Mexico, conheceu Miguel Bezos, estudante cubano que havia chegado aos EUA aos 16 anos como refugiado. Após várias recusas, aceitou um convite para ver A Noviça Rebelde. Casaram-se em abril de 1968 e mudaram-se para o Texas, onde Miguel atuou como engenheiro de petróleo na Exxon. Tiveram dois filhos: Christina (1969) e Mark (1970).
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Jeff foi adotado por Miguel e passou a usar o sobrenome Bezos. Jackie criou um lar marcado por jogos de tabuleiro, projetos científicos e narrativas, e se destacou como principal defensora e apoiadora do filho.
Quando Jeff tinha 3 anos e desmontou o berço para dormir em uma cama, Jackie conseguiu colocá-lo em um programa piloto para superdotados em Houston, e repetiu a estratégia após a mudança para Pensacola, na Flórida.
“Você não simplesmente vai embora. Você não desiste. Continua tentando convencer as pessoas”, disse certa vez.
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Ela também o levava regularmente à Radio Shack para comprar peças eletrônicas.
Com a carreira de Miguel avançando, a família se mudou para Miami, onde Jeff concluiu o ensino médio. O trabalho levou o casal ainda à Noruega e à Colômbia. Durante uma temporada em Nova Jersey, Jackie, aos 40 anos, se formou no College of Saint Elizabeth.
Quando Jeff deixou o emprego em um fundo de hedge em Nova York para fundar a Amazon, os pais investiram boa parte de suas economias no negócio — uma aposta no filho mais do que em uma livraria online. Após o IPO de 1997, Jackie costumava comprar revistas e deixá-las abertas nas páginas com reportagens sobre Jeff.
Vida em Seattle e filantropia
Em 2000, já aposentados, Jackie e Miguel mudaram-se para a região de Seattle para ficar perto da família de Jeff. Ela passou a escrever artigos defendendo a educação infantil e fez doações para causas como a criação de escolas charter no estado de Washington.
O casal também foi um dos maiores doadores do Fred Hutchinson Cancer Center, incluindo uma doação de US$ 710 milhões em 2022, feita fora da fundação.
Nos últimos anos, dividiram o tempo entre casas no Colorado, Texas e Miami.
©️2025 Bloomberg L.P.
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