O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) classificou de “maus brasileiros” o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo pela atuação que estão tendo nos Estados Unidos para sancionar o Brasil contra o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi dada nesta quarta (20), mesmo dia em que a Polícia Federal indiciou o parlamentar e o pai por coação no curso do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
De acordo com ele, as negociações do Brasil com os Estados Unidos estão um pouco difíceis, mas que ainda há a pretensão de se avançar e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá conversar com seu homólogo Donald Trump no futuro sobre o tarifaço de 50% imposto às importações do país.
“Quero destacar que, infelizmente, alguns maus brasileiros ficam lá fora trabalhando contra o país e prejudicando o emprego, as empresas, a produção, a exportação, levando informações equivocadas. O presidente Lula falará com o presidente Trump quando o quadro estiver mais bem esclarecido. Conversa de presidente da República precisa ser preparada. O presidente Lula é homem do diálogo”, disse Alckmin em entrevista à GloboNews.
Geraldo Alckmin afirmou que a última conversa que teve com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, foi “há algumas semanas”, refletindo a dificuldade que o governo brasileiro está tendo em dialogar com as autoridades norte-americanas. Mais recentemente, o secretário do Tesouro do país, Scott Bessent, cancelou unilateralmente uma conversa que teria com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, e, dias depois, apareceu em uma foto nas redes sociais ao lado de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo.
“Nós já tivemos várias conversas, acho que essa é uma tarefa permanente. Não há justificativa para essa tarifa, o Brasil está sendo injustiçado. Vale a pena trabalhar no sentido do diálogo, estamos falando das duas maiores economias das Américas, duas maiores democracias no Ocidente. A orientação do presidente Lula é diálogo, diálogo, diálogo”, afirmou.
Ele ainda pontuou que as exigências que Trump têm feito ao Brasil, como suspender o processo contra Bolsonaro, são inaceitáveis, e que o tarifaço tem produzido muitos efeitos colaterais. Por outro lado, afirmou que ainda há conversas por canais institucionais através dos técnicos dos ministérios envolvidos – “isso e mais um pocuo” – e que acredita ser possível avançar no diálogo.
Alckmin também pontuou que a recente mudança na taxação de produtos de aço e alumínio, anunciada nesta semana para todo o mundo, acabou beneficiando o Brasil.
“O Departamento de Comércio publicou que está na Seção 232 tudo o que leva aço e alumínio, como motocicleta, utensílios domésticos, máquinas. Com exceção do Reino Unido, o mundo inteiro pagará a mesma tarifa. Isso representa US$ 2,6 bilhões do que exportamos. Podemos dizer que 6,4% da nossa exportação melhorou de ontem para hoje. Alíquota é alta, mas é igual para todo mundo”, completou.
O vice-presidente, que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), afirmou ainda que o governo estabelecerá uma linha de corte para a ajuda às empresas afetadas pelo tarifaço de acordo com o grau de dependência do mercado americano – principalmente as indústrias, que têm produtos customizados aos compradores dos Estados Unidos.
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