A fauna invisível que habita seu intestino pode ser uma das responsáveis pelas suas noites maldormidas, revela uma nova pesquisa. Cientistas recolheram evidências de que a microbiota intestinal — os microrganismos que vivem no nosso sistema digestivo — influencia a ocorrência da insônia, e vice versa.
O estudo, conduzido por cientistas da China e dos Estados Unidos, analisou dados genéticos e de saúde de mais de 400 mil pessoas e encontrou algumas relações entre microrganismos específicos e melhor ou piores hábitos de sono.
As evidências mais fortes apontaram que o grupo de bactérias Clostridium innocuum levou a um maior risco de insônia. Embora não seja considerado perigoso, esse microrganismo parece contribuir para noites em claro em algumas pessoas.
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“Identificamos um total de 14 e 8 táxons bacterianos, respectivamente, correlacionados positiva e negativamente com a insônia. Além disso, observamos efeitos reversos da insônia associados a 19 táxons microbianos identificados”, observam os autores.
As evidências são de mão dupla, ou seja, apontam que bactérias intestinais podem influenciar a insônia e, ao mesmo tempo, noites insones podem impactar a composição microbiana. O campo de estudo se baseia no chamado eixo intestino-cérebro, que afeta quadros como estresse, doenças neurodegenerativas e condições como autismo e TDAH.
“Alterações na composição e na função da microbiota intestinal são comumente observadas em pacientes com insônia. No entanto, suas conexões causais com os fenótipos de insônia ainda estão longe de estar claras”, afirma os pesquisadores da equipe liderada pelo psiquiatra Shangyun Shi, da Universidade Médica de Nanjing, na China.
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Os cientistas utilizaram uma abordam chamada randomização mendeliana, que analisa variações genéticas para ajudar a determinar se um fator realmente influencia outro.
Segundo os autores, algumas reações químicas desencadeadas ou inibidas por determinados microrganismos podem explicar as descobertas. No futuro, prebióticos e probióticos podem ser desenvolvidos para explorar essa ligação, e transplantes de fezes podem virar uma das armas contra a insônia.
“De modo geral, os efeitos da insônia sobre a microbiota intestinal e vice-versa representam uma relação bidirecional complexa, que envolve regulação imunológica, resposta inflamatória, liberação de neurotransmissores e outras vias moleculares e celulares”, explicam os autores.
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Importante lembrar que a insônia é um problema multifatorial, influenciado também por fatores como estresse no trabalho, consumo de álcool, falta de atividade física e outros problemas de saúde.
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