O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, está a caminho de um novo mandato de quatro anos após uma eleição acirrada em que seu Partido Trabalhista explorou o medo dos eleitores sobre incertezas em políticas tributárias e de bem-estar social.
O Partido Trabalhista deve vencer a eleição geral com cerca de 28% dos votos, informaram as emissoras NRK e TV2 nesta segunda-feira (8), após a apuração de mais de 70% dos votos. Junto com os partidos de centro-esquerda que o apoiam, o bloco liderado pelos Trabalhistas deve conquistar pelo menos 89 assentos no parlamento de 169 membros.
O bloco de oposição registrou uma guinada à direita, com o Partido do Progresso, anti-imigração, alcançando seu melhor resultado histórico. Seu apoio deve chegar a cerca de 24%, após o partido conquistar eleitores dos Conservadores, que, com menos de 15%, enfrentam seu pior desempenho em duas décadas.
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A eleição em um dos países mais ricos do mundo foi dominada por debates sobre impostos sobre a riqueza e outras taxas propostas pelos Trabalhistas. A oposição, junto com o lobby empresarial, argumenta que essas taxas prejudicam os negócios e a economia.
“Os Trabalhistas haviam perdido apoio em várias eleições consecutivas e conseguiram reverter essa tendência,” disse Johannes Bergh, diretor de pesquisa do Instituto de Pesquisa Social de Oslo, por telefone.
No meio da campanha, houve uma comoção pública sobre investimentos israelenses no fundo soberano norueguês de US$ 2 trilhões. A retirada subsequente da Caterpillar do fundo devido a seus vínculos com a guerra em Gaza ameaça piorar as relações da Noruega com os EUA.
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Store, de 65 anos, liderou as pesquisas após uma reviravolta no início deste ano, quando seu parceiro júnior, o Partido do Centro, saiu da coalizão, e o ex-chefe da OTAN Jens Stoltenberg, amigo próximo do premiê milionário, retornou ao governo. Conhecido como “Stoltenback” na mídia local, Stoltenberg foi nomeado ministro das Finanças, e o apoio ao Partido Trabalhista disparou em um mês.
Antes da divulgação dos resultados, Stoltenberg indicou que gostaria de continuar como ministro das Finanças.
O premiê também se beneficiou do chamado efeito “rally-around-the-flag” relacionado à incerteza geopolítica e às tensões com a administração do presidente dos EUA, Donald Trump.
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O apoio projetado indica que o primeiro-ministro conseguiu interromper a tendência de queda no apoio ao Partido Trabalhista desde 2009.
Store se apresentou como uma liderança segura em um momento em que a Noruega precisa aumentar os gastos com defesa e enfrenta a redução dos retornos do fundo soberano. Entre a oposição, a líder populista do Partido do Progresso, Sylvi Listhaug, de 47 anos, baseou sua campanha na redução de impostos, incluindo para os mais ricos, além de cortes nos gastos públicos e fim dos subsídios verdes.
O Partido Trabalhista afirmou que tentará governar sozinho após a eleição, o que o deixaria em um governo minoritário apoiado no parlamento por seus parceiros tradicionais: a Esquerda Socialista, o Partido do Centro, além dos Verdes e do Partido Vermelho. Para garantir esse apoio, o Partido Trabalhista pode precisar fazer concessões, que podem incluir a redução da exploração de petróleo e gás e a limitação das exportações de eletricidade.
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O Partido Trabalhista precisa do apoio dos quatro aliados menores, o que o coloca “em uma situação mais desafiadora do que nas eleições parlamentares anteriores na Noruega,” afirmou Bergh.
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