Ao redor do mundo é comum pessoas concentrarem seus investimentos na moeda do próprio país – no entanto, muitos investidores já dolarizam o patrimônio ou já têm parte de suas resevas em moedas mais fortes para o mercado global. No caso do Brasil, a diversificação de carteira ainda é baixa e a verdade é que é um risco não considerar o impacto do dólar nos investimentos, conforme alerta estudo da FGV.
O relatório “Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional” mostra os principais benefícios de investir além do real, destacando a proteção do dinheiro frente às variações do dólar. E os autores Claudia Yoshinaga, Henrique Figueiredo, Ricardo Rochman e William Eid Junior vão além: afirmam que o brasileiro deveria investir, ao menos, 16% de sua carteira em ativos internacionais, para proteger o seu poder de compra.
“Dependendo das particularidades de consumo da pessoa ou família, o percentual mínimo pode ser maior, como, por exemplo, 17 a 18% para famílias de alta renda”, dizem os especialistas.
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A seguir, saiba mais sobre a cotação do dólar e sua relação com os investimentos.
Impacto do dólar nos investimentos e o papel da diversificação internacional
A própria diversificação geográfica e política já traz oportunidades, pois, de forma geral, os países estão expostos a contextos diferentes. Ao mirar em outros mercados, o investidor consegue aproveitar períodos de desenvolvimento regionais, aumentando, assim, o potencial de rentabilidade da carteira.
O acesso a setores ainda pouco representativos na bolsa brasileira é outro aspecto positivo que a diversificação internacional traz. Um bom exemplo são as FANGs – acrônimo para as gigantes da tecnologia Meta (ex-Facebook), Apple, Amazon, Netflix e Alphabet (ex-Google).
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De 2020 a 2024, o retorno médio dessas empresas foi de 340% entre 2020 e 2024. No mesmo período, o S&P500 e o Ibovespa retornaram, respectivamente, 85% e 28%.
“Além da tecnologia, outros setores também estão mal representados na B3, como biotecnologia, processadores, etc. A diversificação internacional permite aos brasileiros acessarem um sem-número de oportunidades ao redor do mundo”, diz o estudo.
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Inflação e taxa de câmbio
Ao não enxergar diretamente a conexão entre inflação e taxa de câmbio, o brasileiro tende a subestimar – ou mesmo ignorar – o impacto do dólar nos investimentos.
Cerca de 10% dos produtos que o Brasil consome vêm do exterior e estão indexados principalmente ao dólar. Eletrônicos, veículos e autopeças, combustíveis, medicamentos e alimentos básicos como o trigo estão entre os ítens que mais sofrem com a variação cambial.
E se considerarmos os preços dos insumos importados no produto final nacional, o impacto médio do dólar pode chegar a 14%, dependendo da faixa de renda. Diante dessa realidade, mesmo quem tem renda mais baixa não pode se dar ao luxo de ignorar a exposição cambial, e deveria considerar investimentos atrelados ao câmbio para proteger o patrimônio, alerta o estudo.
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“Investimentos como fundos cambiais ou em ativos internacionais poderiam ajudar a preservar o poder de compra, mitigando os efeitos das flutuações do câmbio sobre o custo de vida”, dizem os especialistas da FGV. Segundo eles, este poderia ser um “meio para equilibrar os impactos de longo prazo das oscilações cambiais no orçamento doméstico.”
Gastos no exterior e volatilidade
Além da inflação, outros dois aspectos devem entrar na conta dos impactos do dólar: os gastos no exterior e a volatilidade cambial.
Em 2023, 24 milhões de brasileiros (especialmente das classes média alta e alta) gastaram US$ 19,5 bilhões no exterior em viagens e educação. Considerando a renda média anual dessas classes, o estudo somou 2,65% ao seu impacto cambial.
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Já o dólar médio considerado de 2014 a 2024 pelo estudo foi de R$ 4,27, representando uma variação de 22,6%.
Veja agora como fica o impacto do câmbio considerando esses três fatores (inflação, gastos no exterior e volatilidade):

Os percentuais acima representam o mínimo que cada classe deveria ter de ativos internacionais na carteira para proteger sua cesta de consumo. Porém, em uma estratégia mais ampla de diversificação, essa faixa deveria ser mais elevada no Brasil, segundo o estudo.
“A exposição ao risco cambial é uma realidade para todos os brasileiros, mesmo que indiretamente. Isso reforça a necessidade de considerar investimentos em ativos que protejam contra a desvalorização cambial, como parte de uma estratégia de diversificação do portfólio”, conclui a pesquisa.
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