A Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3) responsável pela produção de aeronaves urbanas elétricas – conhecido por “carros voadores” – pode contribuir quanto para a tese das ações EMBR3?
O JPMorgan atualizou suas estimativas para a Embraer após os resultados do 2T25, elevando o preço-alvo para dezembro de 2026 de US$ 64 e R$ 93 para US$ 79 por ADR (recibo de ações negociadas nos EUA) e R$ 107 por ação. Considerando a sua controlada Eve em seu valor justo de US$ 8 por ação, o preço-alvo ajustado passaria para US$ 90 e R$ 123, com contribuição de aproximadamente US$ 11 por ADR ou R$ 16 por ação.
O banco mantém recomendação overweight (desempenho acima da média, equivalente à compra), destacando que a companhia negocia a múltiplos atrativos de 9,1 vezes EV/EBITDA (valor da firma/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2026, com desconto de 30% em relação à avaliação da somas das partes (SOP), que inclui desconto de 15% sobre pares, projetada em 13,2 vezes.

O relatório observa que a Embraer ainda negocia abaixo do preço registrado quando as tarifas dos EUA foram anunciadas (US$ 59), embora a empresa tenha obtido isenção e trabalhe para reduzir a tarifa de 10% a zero, como ocorreu com Europa e Reino Unido.
O JPMorgan espera que a Embraer amplie seu prêmio para a média de 10 anos, entre 7,5 vezes e 8 vezes EV/EBITDA, sustentado por resultados melhores e backlog recorde. Pares do setor aeroespacial e de defesa negociam com prêmio de cerca de 50% acima da média histórica de 10 anos.
O JPMorgan ainda aponta que a Embraer deve continuar se beneficiando de novos pedidos no segmento comercial, incluindo possíveis encomendas da AirAsia e de companhias aéreas dos EUA, possivelmente no segmento E2. A companhia aproveitou clientes existentes, investimentos e relações nos EUA para evitar a tarifa adicional de 40% sobre importações, demonstrando que os clientes seguem interessados em seus produtos.
Continua depois da publicidade
A Embraer também trabalha para incluir o setor aeronáutico brasileiro na categoria de tarifa zero, como já ocorreu com Reino Unido e União Europeia. Embora o timing da medida seja incerto, o JPMorgan avalia que há probabilidade acima de 50% de implementação no médio prazo.
Quanto aos resultados do segundo semestre de 2025, a expectativa é de desempenho forte, refletindo sazonalidade natural da companhia, com 60% das entregas concentradas nesse período, além de expansão de margens devido à maior alavancagem operacional e mix mais rentável.
Leia mais: Eve, da Embraer, não descarta fábrica nos EUA para driblar guerra comercial
Continua depois da publicidade
O JPMorgan reforça que, apesar da recomendação equivalente à compra, o desempenho da Embraer continua dependente do setor de aviação comercial, tanto em novos pedidos quanto em rentabilidade. Mudanças na tendência positiva recente em Serviços & Suporte e Defesa & Segurança podem afetar negativamente as previsões e o sentimento do mercado. Uma desaceleração da economia americana poderia prejudicar os resultados da aviação executiva.
Apesar das ações da Embraer acumularem alta de 37% no ano, o Bradesco BBI avalia que a Eve poderia agregar cerca de R$ 12,00 aos papéis da controladora. O banco destaca que avanços na certificação do eVTOL (aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical) e o desenvolvimento do seu ecossistema podem servir como gatilho para que a valorização da Eve também se reflita na Embraer.
Na visão do Bradesco BBI, as sinalizações são positivas para a Embraer, uma vez que a Eve continua avançando em sua fase de desenvolvimento para voar o eVTOL até o final de 2026 e também pretende obter a certificação para operar em 2027.
Continua depois da publicidade
Além disso, a Eve espera permanecer na extremidade inferior da orientação de consumo de caixa para 2025. A orientação de consumo de caixa é de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões para 2025 e, durante o 1S25 (primeiro semestre de 2025), a empresa queimou cerca de US$ 85 milhões em caixa e espera um pouco mais durante o 2S25. Assim, espera estar perto do limite inferior da faixa de orientação para 2025.
O BBI também reiterou visão construtiva sobre a Embraer, mantendo recomendação de compra e preço-alvo para 2025 de R$ 97.
Deixe um comentário