A Polícia Federal citou o advogado Martin De Luca, representante da Trump Media Group e da plataforma Rumble, em relatório final sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento aponta contatos frequentes entre o ex-presidente e o advogado a respeito de ações judiciais e notas públicas. O relatório apresenta também publicações do advogado em redes sociais, posicionando apoio a Bolsonaro.
De Luca atua em processos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em tribunais dos Estados Unidos. As ações contestam decisões do magistrado que envolvem as duas empresas.
Segundo a PF, mensagens extraídas do celular de Bolsonaro mostram que ele recebia petições, orientações de comunicação e pedidos de entrevistas enviados por De Luca.
O relatório afirma que ambos mantinham “convergência de interesses” com o objetivo de ampliar ataques ao Supremo e atingir diretamente Moraes.
No dia 13 de julho, Bolsonaro encaminhou a De Luca uma minuta de publicação elogiando carta de Donald Trump a Lula sobre tarifas de importação. Em áudio, pediu que o advogado revisasse o texto.
De Luca respondeu que prepararia um resumo “de como pode melhorar a comunicação do tarifaço”. No dia seguinte, enviou ao ex-presidente uma petição da Trump Media e da Rumble contra Moraes, já protocolada na Justiça norte-americana.
Em outra mensagem, Bolsonaro escreveu que a solução para o tarifaço seria “anistia/liberdade Jair Bolsonaro”. Dias depois, a PF encontrou uma cópia impressa desse documento na casa do ex-presidente.
Relatório indica indícios de desvio de finalidade em processo contra Moraes
Para os investigadores da PF, as mensagens entre Bolsonaro e De Lucca constituem “indício relevante que evidencia desvio quanto a real finalidade das pretensões deduzidas pela empresa em face de litigância contra Ministro do Supremo Tribunal Federal”.
O documento aponta ainda que Bolsonaro manteve condutas ilícitas que se enquadram nos crimes de coação no curso do processo, previstos no artigo 344 do Código Penal. A PF também cita obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa.
De Luca diz que Moras pratica campanha de censura
Martin De Luca contestou o relatório da Polícia Federal (PF) que citou mensagens trocadas entre ele e Jair Bolsonaro (PL). O advogado representa a Trump Media e a plataforma Rumble postou uma nota sobre o assunto em seu perfil na rede X, nesta quinta-feira (21).
O advogado acusou Alexandre de Moraes de promover “uma incansável campanha de censura” e disse que seguirá atuando “de forma transparente e profissional, sem medo”. Segundo o advogado, “a verdadeira responsabilização de Moraes não virá por relatórios policiais, mas nos tribunais dos Estados Unidos”.
Um dos pontos mencionados pela investigação foi o envio, por De Luca a Bolsonaro, de uma petição apresentada à Justiça dos Estados Unidos em 14 de julho. De acordo com a PF, o objetivo do documento seria “suplementar uma ação movida contra o ministro Alexandre de Moraes”.
No relatório, a corporação avaliou que o diálogo “constitui indício relevante que evidencia desvio quanto a real finalidade das pretensões deduzidas pela empresa em face de litigância contra Ministro do Supremo Tribunal Federal”.
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