Com um crescimento projetado de 10% em 2025, segundo estimativa da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), representante das seguradoras no país, o setor de seguros é um mercado em expansão – mas ainda pouco explorado. Prova disso é que cerca de 80% dos brasileiros acima de 18 anos não têm seguro de vida, de acordo com a pesquisa feita em 2024 pelo Datafolha.
Segundo especialistas do mercado, uma mudança de percepção tem se acelerado desde a pandemia, que gerou maior consciência sobre a importância da proteção. Na época, as seguradoras indenizaram muitas famílias em função da covid-19, mesmo sem serem obrigadas. Desde então, cada vez mais o seguro de vida tem deixado de ser visto como um custo e vem ganhando espaço como instrumento estratégico de proteção, sucessão e organização patrimonial.
“O nível de conscientização e educação foi tomando proporções à medida também que os profissionais dos assessores de investimentos passaram a agregar à sua abordagem a oferta desses produtos”, observa Larissa Althoff, diretora de Parcerias Financeiras da MAG Seguros, em painel sobre o tema na Pop Up InfoMoney, em parceria com a MAG, durante a Expert XP, maior festival de investimentos do mundo, realizado entre os dias 24 e 26 de julho.
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Larissa explica que parte das apólices (contrato de seguro) existentes é oferecida por empresas. “Tem muita oportunidade e é quase uma ‘missão’ mostrar para as pessoas o quanto a solução de seguros é fundamental no planejamento de longo prazo”, completa a executiva.
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Carlos Eduardo Biagioni, head de soluções patrimoniais da Monte Bravo, concorda que o seguro é uma solução fundamental no planejamento financeiro de qualquer família. “Seguro de vida é investimento, mas um investimento ‘não financeiro’, porque não funciona como o investimento que a gente acompanha na nossa carteira, olhando para a rentabilidade. Mas é o maior investimento que você vai ter na sua vida no quesito de planejamento patrimonial, familiar e financeiro”, diz, também durante o painel.
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Ele relembra que o seguro já foi encarado somente como despesa. Contudo, esse cenário vem mudando, porque o setor desenvolveu produtos “totalmente personalizáveis” e adequados aos diferentes momentos de vida dos investidores – se está solteiro, casado, já tem filhos ou ainda não, e por aí vai.
Para Leonardo Scherr, sócio-fundador da CS4 XP, que atende mais de 50 escritórios com operações de seguros, incluir proteção no portfólio do cliente é uma evolução natural para os assessores de investimentos. “Hoje, o mercado pede muito além de investimento, pede um planejamento financeiro, um atendimento completo. Um assessor que está ligado só nisso deixa a desejar nas outras ferramentas e estratégias”, salienta.
Entre as ferramentas disponíveis, a apólice de seguro se destaca como instrumento ágil de sucessão. Para os especialistas do painel, a proteção securitária garante que o legado chegue à próxima geração de forma rápida, com liquidez e sem dilapidar o patrimônio.
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“Pesquisas demonstram que só 15% das empresas alcançam a terceira geração, fazendo da sucessão um enorme desafio para as empresas familiares”, pontua a diretora da MAG Seguros. Ela explica que, nesse contexto, o seguro se torna um instrumento valioso para ajudar a família a preparar um sucessor, além de garantir liquidez para não precisar abrir mão de patrimônio pessoal e, ainda, conseguir ter caixa para fazer essa transmissão patrimonial.
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A estratégia de seguros, especialmente para clientes de alta renda, demanda conhecimento técnico e sensibilidade. De acordo com Leonardo, da CS4 XP, a venda do seguro fica “entre o lúdico e o lógico”. “O cliente entende racionalmente, mas é o assessor quem precisa trazer o senso de urgência para que ele não deixe para depois”, salienta.
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Para os especialistas, o avanço da tecnologia tem ajudado a derrubar barreiras e tornar o processo mais acessível. “Saímos da proposta em papel para contratações digitais e instantâneas, o que amplia o alcance das soluções”, exemplifica Larissa. Já Cadu aposta em novas evoluções com o uso de inteligência artificial para facilitar etapas como o preenchimento da DPS (Declaração Pessoal de Saúde), questionário que as seguradoras solicitam aos clientes para avaliar o risco associado à contratação do seguro de vida.
Apesar dos avanços, o recado final é claro: o seguro não é para todos, mas todos precisam conhecê-lo. “Não seja você a resistência. Leve a conversa até o cliente e deixe que ele decida”, aconselha Leonardo aos assessores de investimentos. De acordo com ele, o papel do assessor é ser o grande conselheiro do cliente em todos os aspectos da vida – o que inclui a proteção ao que já foi conquistado.
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