O aliado histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), João Pedro Stedile, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cobrou o governo para que apoie as ditaduras da Venezuela e Cuba contra o que chama de “guerra híbrida” dos Estados Unidos na América Latina. A cobrança foi feita neste final de semana em meio à movimentação de três navios de guerra norte-americanos para a costa venezuelana para reprimir cartéis e o tráfico de drogas no continente.
Essa justificativa, no entanto, não convenceu Stedile, que afirma que os Estados Unidos estão se movimentando contra o continente latino como um todo para manter sua influência e, no caso do Brasil, arrecadar dinheiro para que o governo americano siga fabricando e enviando armas para guerras.
“Nesse momento, todas as forças populares de esquerda, da classe trabalhadora, dos camponeses, devemos nos juntar em solidariedade à Venezuela e a Cuba. E espero que o governo brasileiro perceba que ele também é uma vítima desses mesmos métodos de guerras híbridas e, portanto, se junte à Alba-TCP (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América = Tratado de Comércio dos Povos) para garantir que nosso continente continue sendo de paz”, afirmou em entrevista à rede Telesur neste final de semana.
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Na cobrança que fez ao governo Lula, Stedile afirmou que todos os países do continente sofreram algum tipo de golpe de Estado no passado com a participação dos Estados Unidos, e que o momento atual não é diferente. Para ele, o país norte-americano promove uma guerra híbrida não mais com o uso da força – como supostamente prega a Doutrina Monroe, criada há 200 anos que estabeleceu uma influência americana sobre a política das américas.
Essa atualização da alegada Doutrina estaria ocorrendo agora através da economia, como o bloqueio financeiro de Cuba, as sanções à Venezuela e o tarifaço ao Brasil.
“O Brasil, neste momento, tem sofrido parte dessas guerras híbridas com o método de taxação que nos impõe restrições e que vai fazer com que o povo brasileiro pague impostos às mercadorias para o Tesouro americano. E o Tesouro americano terá mais recursos para enviar armas para a Ucrânia, para Israel, para o Sudão, para desenvolver a indústria da guerra gringa”, disparou.
As rusgas de Stedile com Lula se tornaram frequentes desde o início do terceiro mandato do petista, principalmente pela lentidão no avanço da reforma agrária e no assentamento de famílias do MST. Mais recentemente, o líder do movimento cobrou a saída do ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, por não cumprir promessas e de fazer anúncios vazios e compromissos não executados.
Stedile chegou a classificar o ministro de “incompetente”, acusando-o de falhar na disputa por recursos no Orçamento e de não honrar compromissos firmados com o movimento.
Também no começo deste ano, João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do MST, chamou de “ridículo” o número famílias assentadas, defendendo que o governo estabelecesse a meta de pelo menos 65 mil famílias assentadas até o fim de 2025. A manifestação ocorreu após uma reunião de militantes com o presidente Lula.
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