O XPCA11, fundo listado da SPACET voltado para o agronegócio, encerrou o segundo trimestre de 2025 com distribuição estável de rendimentos em R$ 0,11 por cota. O desempenho garantiu um dividend yield mensal de 1,65%, superior ao registrado pelo XPAG11 — versão setipada do fundo — que fechou o período com 1,34% ao mês.
Segundo a equipe de gestão liderada por André Masetti e acompanhada pelos analistas Gustavo Gomes, Gabriel Tosini e João Gabriel Bandeira, a estratégia vem mantendo reservas contábeis que funcionam como colchão de liquidez para sustentar pagamentos futuros.
Apesar da atenção ao caso da AgroGalax (AGXY3), em fase de reestruturação, a gestora destacou que os demais ativos seguem adimplentes. O portfólio, que já ultrapassa R$ 1,4 bilhão no XPAG11, recebeu novos aportes de cerca de R$ 70 milhões no trimestre, com destaque para a entrada no segmento de armazenagem, por meio de operação com o grupo Espaço — tradicional empresa do setor logístico, com contrato de fornecimento à Cargill em modelo Take or Pay, considerado de baixa inadimplência.

Safras recordes de soja e milho pressionam preços, mas fundos se beneficiam
No campo, a safra brasileira de soja de 2024/25 foi a maior da história, com quase 170 milhões de toneladas. Apesar da queda nas cotações em dólar, os prêmios nos portos mantiveram a remuneração atrativa, sobretudo para produtores que anteciparam compras e fixações. Já no milho, a safrinha que se conclui em agosto deve quebrar recordes, com 105 milhões de toneladas dentro de uma produção total de 131 milhões no ano.
Esse excesso de oferta pressiona os preços, mas o impacto sobre os fundos é positivo, já que a carteira é composta majoritariamente por empresas consumidoras de milho — como produtores de etanol de milho, confinadores e processadores de alimentos.
No setor sucroenergético, a moagem de cana no Centro-Sul caminha para algo entre 580 e 590 milhões de toneladas, abaixo dos anos anteriores, mas com um mix mais açucareiro que deve sustentar margens para as usinas.
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Mercado externo influencia soja, milho e carne bovina
O cenário internacional também trouxe elementos relevantes para os fundos. Nos Estados Unidos, a produtividade da safra de soja deve bater recorde, mas a menor área plantada impede um resultado histórico. A demanda chinesa, no entanto, ainda não apareceu no volume esperado, o que pressiona Chicago e, ao mesmo tempo, fortalece os prêmios da soja brasileira.
Para o milho, a produção americana deve alcançar 425 milhões de toneladas, também recorde, ampliando a folga nos estoques globais. Já no mercado de proteína animal, o Brasil se beneficiou da forte demanda chinesa.
As exportações de carne bovina subiram quase 6% no trimestre, com valorização de 9% no preço médio da tonelada. O movimento reforça a atratividade da pecuária nacional, favorecida ainda pelo milho mais barato, que reduz custos de confinamento.
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Crédito mais seletivo e impacto da Selic em 15%
No mercado de crédito, os gestores destacaram uma retomada das emissões de CRA em relação ao primeiro trimestre, embora em ritmo inferior ao observado nos anos de boom. A avaliação é que o produto deve continuar como ferramenta central de financiamento do agro, mas com maior concentração em grandes produtores e agroindústrias, enquanto os pequenos e médios seguem dependentes de linhas subsidiadas do Plano Safra.
Do lado macroeconômico, a Selic a 15% tornou-se o maior ponto de atenção. O juro elevado pressiona o custo da dívida de produtores e empresas do setor, exigindo mais rigor na originação de crédito. A estratégia da SPACET tem sido privilegiar emissores com estrutura de capital robusta e spreads ajustados ao risco real de solvência, evitando operações com custo excessivo de financiamento.
XPAG11 amplia carteira e reforça aposta em armazenagem
Especificamente no XPAG11, fundo cetipado e maior veículo da casa, o patrimônio líquido já supera R$ 1,4 bilhão. No trimestre, o resultado foi de R$ 54 milhões, dos quais R$ 49 milhões foram distribuídos aos cotistas.
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Além do investimento no setor de armazenagem, a gestão destacou a pulverização geográfica e setorial como estratégia para reduzir riscos, mantendo a estabilidade dos rendimentos em R$ 0,11 por cota.
Para os próximos meses, a perspectiva é de manutenção da regularidade nos pagamentos, sustentada tanto pela diversificação do portfólio quanto pelas reservas acumuladas.
O cenário do agronegócio, embora marcado por volatilidade de preços, segue oferecendo oportunidades de alocação em empresas resilientes, segundo a equipe de André Masetti, gestor responsável pela estratégia.
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