A XP Asset apresentou os resultados de seus fundos multiestratégia no segundo trimestre de 2025, com destaque para o XP Hedge Fund (XPHF11) e o XP Selection Fund (XPSF11). Segundo os especialistas da gestora, os produtos conseguiram sustentar uma boa performance mesmo em meio ao ambiente de volatilidade provocado por incertezas externas, a política monetária restritiva no Brasil e as novas propostas de tributação sobre ativos até então isentos.
O XPHF encerrou junho cotado a R$ 9,67 por cota, com um dividend yield de 15,62%, enquanto o XPSF terminou o período a R$ 6,14, entregando 14,7% de yield no acumulado. De acordo com o time de gestão, a estratégia de reciclagem de portfólio, com substituição de posições de baixo retorno por Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) atrelados ao CDI, foi fundamental para elevar os rendimentos recorrentes distribuídos aos cotistas.
Além disso, o resultado do XPHF foi impulsionado por uma avaliação patrimonial positiva de R$ 1,8 milhão em suas operações de permutas financeiras, refletindo valorização das obras financiadas pelo fundo. Já no XPSF, a maior exposição a CRIs trouxe ganho de eficiência em meio ao ciclo prolongado de juros altos.

Cenário externo influencia alocação
Segundo os analistas Leonardo Sant’Ana, Rafael Culbert e Gustavo Aurélio, além do gestor André Masetti, o pano de fundo internacional teve peso sobre a estratégia. O chamado “Liberation Day” nos Estados Unidos, quando Donald Trump anunciou um pacote de tarifas sobre diversos parceiros comerciais, gerou forte aversão a risco nos mercados globais.
Apesar da volatilidade inicial, o movimento foi parcialmente revertido após o próprio governo americano suavizar algumas medidas, permitindo recuperação dos ativos de risco.
A economia americana manteve-se resiliente, mas a cautela do Federal Reserve, liderado por Jerome Powell, fez com que o banco central mantivesse os juros na faixa de 4,25% a 4,5%. Esse posicionamento prolongou a incerteza sobre o início de um novo ciclo de cortes, elevando a volatilidade nos títulos de renda fixa dos EUA.
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No Brasil, os reflexos da política de Trump foram acompanhados por maior instabilidade local. A nova taxação sobre operações financeiras e a elevação do IOF, confirmada pelo STF, ampliaram as preocupações fiscais e trouxeram impacto direto sobre os preços de ativos domésticos.
Fundos imobiliários reagem e IFIX acumula alta
O mercado de fundos imobiliários mostrou recuperação no período. O IFIX avançou 5,2% no segundo trimestre, acumulando alta de 11,8% em 2025. Na avaliação do time da XP Asset, esse desempenho positivo foi uma correção após a forte queda registrada no fim de 2024, quando o governo falhou em implementar um pacote de corte de gastos.
Mesmo diante da tentativa recente de taxar ativos até então isentos, como fundos imobiliários, LCIs, LCAs e CRIs, a equipe considera que o impacto tende a ser limitado. Primeiro porque a proposta ainda precisa ser discutida no Congresso, onde a bancada do agronegócio tem força para barrar medidas. Segundo, porque mesmo com a alíquota de 5%, tais produtos seguiriam mais atrativos do que outros instrumentos tributados em 17,5%.
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A gestora destacou ainda que cotas emitidas até o fim de 2025 permaneceriam livres de tributação, o que significa que os portfólios atuais do XPHF e XPSF não sofreriam impacto direto, garantindo isenção para os cotistas.
Juros a 15% e perspectivas para 2026
No campo da política monetária, o Copom elevou a Selic para 15% em junho, surpreendendo parte do mercado pela postura cautelosa. A expectativa de início de cortes, antes prevista para 2026, passou a ser considerada já no primeiro trimestre, após leituras do IPCA abaixo do esperado.
De acordo com os especialistas da XP Asset, o atual patamar de juros reforça a atratividade dos CRIs atrelados ao CDI, que se tornaram protagonistas das carteiras dos fundos.
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O XPHF terminou junho com 24 operações ativas, somando R$ 206 milhões indexados ao IPCA a uma taxa média de IPCA +8,5, e outros R$ 56 milhões indexados ao CDI a CDI +3,5.
Já o XPSF passou a ter 4,5% do patrimônio líquido alocado em CRIs, a uma taxa média de CDI +2,7.
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